
Entre os brasileiros, muitos são os ditados sobre mineiros. O ditado que veio a me inspirar hoje e me estimulou a criar este novo blog foi o seguinte: Mineiro come pelas beiradas. Eu nunca havia percebido este comportamento em mim até que, num dado dia, me vi, literalmente, comer um misto quente pelas beiradas. E por que eu fiz isso? Ora bolas! É óbvio que eu queria garantir que o último pedaço tivesse um belo recheio. A lógica é simples: você inicia a refeição comendo o que tem de não tão bom e guarda o melhor para o final.
É assim quando a gente se alimenta e é ou deveria ser assim também na vida. É verdade que, quando somos crianças, temos uma fase incrivelmente boa. Quase não temos obrigações, podemos brincar bastante, ver desenho até cansar, falar o que quisermos sem nos preocuparmos com o estrago que isso pode causar... Enfim, a infância é a infância e ela é SIM tudo de bom.
Mas, cá entre nós, apesar de todos os benefícios, falta muita coisa, não? Eu sei que, na medida em que o tempo vai passando, muitos concluem que adorariam voltar a serem crianças, mas eu, na altura dos meus 24 (quase 25)anos, acho que a infância não passa da beirada desse sanduíche perfeito chamado vida.
Sim, porque, passada a infância, vem a adolescência e aí... Já viu, não é? Preciso enumerar o tanto de coisa incrivelmente bacana que aparece? O recheio dessa fase da vida é simplesmente perfeito. Apesar de toda rebeldia, de toda a crise de identidade, você joga um ketchup por cima e devora a fase inteira num suspiro só. Quando vê, está na casa dos 20 anos e aí...
Hummmmm! Respira pouco e mastiga devagar, porque, sim, você está na universidade, meu querido! E o recheio dessa fase... Ah! Fala sério! Você até dispensa ketchup. Esse recheio precisa ser degustado e digerido bem devagarinho. Pena que a maioria de nós nem percebe. Quando vê já engoliu e, quando vê de novo, já está de beca tirando fotos para o convite de formatura...
E o que vem depois? Hummmmm... Aí você me apertou sem me abraçar. Eu não sei. Não experimentei ainda... E a verdade é que, olhando daqui, em meio ao frio na barriga diante de um futuro incerto, parece que a gente, sem querer, ao longo da vida, vai devorando-a descuidadamente de forma que, de repente, sobra pouco recheio e muitas beiradas queimadas.
Mas quer saber? Como todo bom mineiro, eu vou garantir um belo pedaço bem recheado de vida para o final. Se necessário, prepararei recheio novo e preencherei as beiradas queimadas, arranjarei temperos afrodisíacos, molhos de causar salivação e seguirei devorando minha vida com todo o apetite de viver que ela merece.
Porque o sanduíche tem sabor proporcional ao nosso apetite. E apetite de viver... Ah! Isso eu tenho!